A obesidade ocupa a 3ª posição no ranking brasileiro de problemas de saúde pública que mais pesam na economia, custando 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto), conforme estudo do McKinsey Global Institute. À medida que o número de pessoas obesas aumenta de forma progressiva entre brasileiros, a qualidade de vida e saúde reduz proporcionalmente. Além de gerar impacto direto no sistema cardiorrespiratório, o excesso de peso também está relacionado a uma maior incidência de diabetes, hipertensão arterial e eventos isquêmicos, como infarto agudo do miocárdio, além das consequências para músculo e esqueleto. O sobrepeso é um dos fatores fortemente relacionados à dor na coluna e artrose em articulações que suportam o peso, como quadris, joelhos, tornozelos e articulações dos pés. A situação se torna um ciclo vicioso, pois os pacientes restringem as atividades físicas em decorrência das dores (da dor) e, consequentemente, a atitude compromete o controle do peso corporal.
As cartilagens são tecidos que recobrem as superfícies das articulações e atuam como amortecedores, apresentando uma vida útil funcional limitada. Quando expostas a uma carga excessiva, as cartilagens acabam se degenerando precocemente, determinando uma condição denominada de artrose. Infelizmente, ainda não existe um tratamento efetivo para recuperar a cartilagem deteriorada.
Além dos custos pessoais em relação a qualidade de vida, há um enorme custo econômico. Sabe-se que os quadros de lombalgia representam a segunda causa mais frequente de absenteísmo ao trabalho. Soma-se a isso o fato de o tratamento da artrose dos membros inferiores ser prolongado com uso de medicamentos, reabilitação fisioterápica e, em algumas situações, ocorre a necessidade de procedimentos cirúrgicos, gastando recursos financeiros significativos ao estado e a população. Em determinadas situações, os procedimentos cirúrgicos adquirem riscos elevados, porque esses pacientes possuem outros problemas de saúde que complicam o quadro. Cria-se uma situação de difícil solução, pois a não realização de cirurgia (a dor) ocasiona leva a um sedentarismo que, por sua vez, dificulta o controle de determinadas condições clinicas e aumenta o risco de diversas doenças, assim com favorece o ganho de peso.
O estimulo a prática esportiva e a alimentação saudável são fundamentais para evitarem esse tipo de problema. Desde cedo, as crianças devem ser orientadas sobre a importância da prática esportiva diária. O hábito contribuirá para que sintam necessidade do esporte durante toda a vida. O investimento do governo para estimular a prática esportiva em locais públicos como praças, quadras esportivas, parques e piscinas também pode ser efetivo. Pode-se dizer que, de forma análoga ao investimento em medidas sanitárias, um real gasto ao combate da obesidade representará centenas de reais economizados no tratamento das repercussões médicas, além da melhora da qualidade de vida de nossa população.
Rodrigo D´Alessandro de Macedo, ortopedista e membro da Comissão Científica do 15º Congresso Brasileiro de Coluna